quarta-feira, 12 de maio de 2010

Resenha critica do texto ‘Pensar é desejar’, de Rinaldo Voltoline

Freud parece ter ido na contra mão do que todos os outros teóricos da psicologia exploraram. Para começar fugiu do senso comum. Enquanto todos os outros abordaram temas como conhecimento e inteligência, Freud foi mais audacioso. Ele não desconsiderava tais elementos, mas os analisavam sob uma outra dimensão.
Para Freud, a forte resistência à psicanálise não se dava por ser esta ou aquela tese incorreta, mas sim, porque a sociedade não estava preparada para ouvir certos pressupostos com os quais não sabia como lidar. Freud costumava escandalizar com suas teorias, a exemplo disso, suas considerações sobre a existência de uma sexualidade infantil.
Ele não costumava abordar temas como a ‘compreensão’, porque este elemento já está implícito no campo do conhecimento.
Freud também chocou de maneira desafiadora uma sociedade acomodada em seus conceitos tecnológicos quando junto a outros grandes pensadores feriu o orgulho dos homens ao revelar que ninguém é grande ou importante o suficiente, a ponto de ser o centro do universo, afinal, nem nossos próprios pensamentos nos pertencem, pois há sempre uma força superior que nos impulsiona. Mesmo Freud sempre tão realista, admitiu que não se pode separar por completo o mito do pensamento humano.
O homem pode aceitar que mito e pensamento lógico convivam harmoniosamente, afinal, o mito é uma estratégia confortável de estabelecer sentido às questões existenciais, mais do que pensar criticamente a respeito delas.
Acreditamos que somos o centro do universo e colocamos os fins do prazer sempre a frente dos fins de sobrevivência, por este motivo vivemos num eterno questionamento, mais por querermos nos adiantar aos acontecimentos do que por querermos evitar conseqüências desastrosas, a não ser que tais conseqüências nos afetem diretamente.
Conclui-se assim, que fazemos uso da razão não para tentarmos compreender a realidade, o que pretendemos inexoravelmente, é dominá-la por completo, de modo que não exista mais acaso, que tudo esteja sob o nosso controle. De fato temos tudo às nossas mãos, o que não podemos, nunca de jeito nenhum, é perder o controle sobre nós mesmos, aí todo esse conhecimento e liberdade que tanto perseguimos seriam a nossa própria ruína.

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