sábado, 8 de maio de 2010

A percepção do belo na região Norte, relacionado às comunidades indígenas


O belo é tema bastante relativo, principalmente quando o foco é tão polemico quanto à questão indígena. Mesmo em uma sociedade, em que as questões de beleza deveriam ser unânimes, é comum haverem divergências. No entanto, quando falamos em beleza no tocante a cultura indígena alguns aspectos nos saltam aos olhos e são um capitulo a parte na região Norte e na região amazônica como um todo.
Na região Norte é muito comum vermos a produção de objetos de decoração e utensílios tipicamente indígenas serem comercializados nos grandes centros urbanos. A princípio tudo o que era belo para os índios só possuía este status para eles porque era bom e útil. Para os indígenas ‘belo’ e ‘útil’ tem o mesmo significado. Porém, a partir do momento em que a sociedade passou a ver beleza, além de utilidade para os objetos de fabricação indígena, estes passaram a consumi-los em grande escala, logo os indígenas perceberam que aquilo que era produzido por eles tinha um outro significado para outras sociedades, que não era exatamente condizente com os valores étnicos, pois para o homem branco só se tem valor o que pode ser comerciável, mas que bem ou mal era uma forma de manter o sustento, já que a natureza anda tão degradada em virtude da ação do homem.
O homem indígena parece querer de certa forma, freiar ou concertar as atitudes do homem branco em relação à natureza.
Quando pensamos nos rituais indígenas e nos perguntamos qual o significado daquilo, não nos vem à mente que os índios estão pedindo desculpas por nós, por nossas ações pedratórias em relação à natureza e por usarmos indiscriminadamente seus recursos sem a consciência de que outras pessoas também sobrevivem dela.
Neste contexto, os indígenas fazem uso de toda sabedoria e ritos que conhecem para pedir ao deus Sol e mãe Lua, que não os castiguem pela ação dos outros. Que a colheita seja farta e que a terra seja fértil. Na maioria das vezes, a metade do que conseguem colher é ofertado aos seus deuses como agradecimento pela fartura. Muito diferente de nós, que com todo nosso consumismo excessivo não temos a quem agradecer, ou esquecemos de agradecer a quem nos proporciona a nossa fartura.
Esta relação harmoniosa com a natureza é o que garante a beleza admirada por quem está de fora. Tirar da natureza o que se precisa, sem degradar ou destruir, isto sim é que é sustentabilidade.

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