sexta-feira, 7 de maio de 2010

Conceituando arte...

A introdução do livro ‘A História da Arte’, de Ernest Gombrich é bastante contundente ao afirmar que de fato nada existe a que se possa dar o nome Arte, pois esta é de difícil definição e pode ter inúmeras interpretações. Na verdade muito se discute a cerca deste tema, e o que vem a ser Arte para alguns, para outros não passa de uma obra bela, mas não necessariamente Arte.
Na realidade a arte é cercada de tanta complexidade, que é impossível definir o que faz um indivíduo gostar ou não de uma obra de arte.
Muitos gostam porque percebem algo de familiar na imagem, outros porque são acometidos por lembranças. Algumas formas de arte possuem o poder de mexer com o inconsciente, de trazer memórias, aromas, sentimentos e sensações desconhecidas.
Existem algumas obras que por algum motivo causam desconforto e estranhamento a quem as contempla. Geralmente não lidamos bem com o que não compreendemos. Segundo Gombrich essa seria uma das razões erradas para não se gostar de uma obra de arte. Algumas pessoas acreditam que somente cópias fiéis da realidade é que são consideradas belas obras. Porém, o belo no tocante a arte é bastante relativo e subjetivo. Às vezes a realidade é tão imperfeita que as pessoas buscam nas imagens e nas obras de arte o glamour e a sofisticação que não encontram em suas próprias vidas.
Por outro lado, quando nos permitimos observar e analisar uma determinada obra, ainda que a princípio isto nos pareça repulsivo, desarmados de preconceito e com o espírito aberto, podemos perceber toda a sinceridade nas intenções do artista, e isto é bom, porque ao maquiarmos a realidade com uma suposta beleza, só porque isto agrada aos olhos, perdemos o ato reflexivo e a capacidade de aceitar quem realmente somos.
Amiúde, algumas pessoas preferem imagens cômodas, ou seja, que não exijam nenhuma reflexão e nenhum esforço para se chegar a algum lugar.
Precisamos nos desvencilhar desta visão preconceituosa que possuímos ao contemplar obras de arte, pois estamos sempre a buscar “defeitos” e a desqualificar o que foi determinado como arte por alguém. E este é o ponto que Gombrich aborda ao afirmar que algumas pessoas são repelidas por obras que consideram incorretamente desenhadas, sobretudo quando pertencem a um período mais moderno em que o artista “tem a obrigação de não cometer semelhantes desvios”.
O fato é que precisamos exercitar os nossos olhos para as características particulares das obras de arte e por conseguinte, de aumentarmos a nossa sensibilidade para os mais sutis matizes de diferença, o que talvez nos ajude a compreender por que determinados artistas trabalham de uma determinada forma e não de outra.
Parafraseando Gombrich concluí-se que falar com argúcia sobre arte não é difícil, difícil é olhar um quadro com olhos de novidade e aventurar-se numa viagem de descoberta.

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