terça-feira, 4 de maio de 2010

Arte-educação e coletividade

É preciso mostrar aos alunos que o trabalho e a vida deles são uma parte do trabalho e da vida do país"
(Anton Makarenko)
"Mas será que as crianças e os jovens atuais conhecem de fato o significado de grupo? Ou a idéia de coletivo é abstrata? Os jovens se sentem responsáveis pela escola e pelo bem-estar de seus colegas? 'Precisamos pensar se estamos formando pessoas cada vez mais individualistas ou coletivas', diz a educadora (Cecília da Silveira Luedemann)."

Os comentários dos educadores Anton Makarenko e Cecília da Silveira Luedemann partem do princípio da coletividade. Ambos apontam para o que chamamos de ‘padronização’ do comportamento do indivíduo como algo que despersonaliza e descaracteriza a subjetividade.
Realmente precisamos pensar se de fato as crianças e os jovens atuais conhecem o significado de grupo, ou se o conceito de coletividade é apenas um ideal que não opera diretamente com a realidade.
No contexto sócio-cultural do capitalismo contemporâneo, a tendência é que o homem se torne cada vez mais individualista, pois assim rege a lei do mundo em que vivemos em que prevalece a lei do mais forte.
Neste contexto social em que vivemos em que os valores são altamente comerciais e consumistas, quase nada resta de respeito ao próximo e de solidariedade no exercício da cidadania.
Embora vivamos momentos de crise, tanto moral, quanto social e culturalmente falando, ainda enxergamos na educação e em seus princípios éticos a salvação para as próximas gerações que ainda não foram contaminadas pelas teias do capitalismo selvagem.
Para alcançarmos o objetivo de formarmos cidadãos conscientes de seu papel político e social, mais do que educar de forma rígida ou controladora, é necessário desenvolver personalidades maduras, reflexivas e preocupadas com o bem estar do próximo e não apenas com o seu ego.
A arte e seu caráter político é um dos meios eficazes de inserir o indivíduo na sociedade de maneira mais ampla. Sendo a escola o primeiro espaço formal onde se dá o desenvolvimento de cidadãos, nada melhor que por aí se dê o contato sistematizado com o universo artístico e suas linguagens, contato este que amplia a possibilidade de crescimento, maturidade e reflexão.
Precisa-se pensar na educação como meio de transformar o indivíduo para a vida, aberto as diferenças do outro, e que o sucesso individual só é possível graças à coletividade.
Outro fator primordial é estabelecer o diálogo sincero e franco, pois sem esse fator não é possível desenvolver uma convivência nem uma educação de qualidade.
Vivemos tempos difíceis em que educar é uma árdua missão. Perguntamo-nos se este é o caminho certo ou se a fórmula desta educação de qualidade que tanto almejamos ainda está por vir. O fato é que não temos respostas. Por este motivo faz-se necessário que não apenas a escola, professores e alunos estejam engajados neste processo, mas principalmente a família, para que a tarefa de educar também seja coletiva e não apenas um embasamento teórico.
O educador como agente de transformação social precisa repensar sua postura como formador de opinião.
A tarefa de educar, em nosso tempo, implica em conseguir pensar e agir localmente e globalmente, o que carece da interação coletiva dos educadores. Portanto, para que haja condições efetivas de construir uma escola transformadora, numa sociedade igualmente transformadora, é necessária a predisposição dos educadores também pela transformação de sua ação educativa.
Conclui-se assim que a prática reflexiva deve deixar de ser um mero discurso, pois ela objetiva a tomada de consciência e organização da prática.
O mundo em que vivemos hoje é o resultado da nossa consciência coletiva, e se quisermos um mundo novo, cada um de nós precisa assumir a responsabilidade de ajudar a criá-lo e recriá-lo quantas vezes for necessário.


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