Ao longo do tempo,
percebemos que a existência do homem não se limita à simples obtenção dos meios
que garantem a sua sobrevivência material. Visitando uma expressiva gama de
civilizações, percebemos que existem importantes manifestações humanas que
tentaram falar de coisas que visivelmente extrapolam a satisfação de
necessidades imediatas. Em geral, vemos por de trás desses eventos uma clara
tentativa de expressar um modo de se encarar a vida e o mundo.
Para muitos, o conceito
de arte abraça toda e qualquer manifestação que pretenda ou permita nos revelar
a forma do homem encarar o mundo que o cerca. Contudo, o lugar ocupado pela
arte pode ser bastante difuso e nem sempre cumpre as mesmas funções para
diferentes culturas. Não por acaso, sabemos que, entre alguns povos, o campo da
expressão artística esteve atrelado a questões políticas ou religiosas.
Na opinião de alguns
estudiosos, o campo artístico nos revela os valores, costumes, crenças e modos
de agir de um povo. Ao detectar um conjunto de evidências perceptíveis na obra,
o intérprete da arte se esforça na tarefa de relacionar estes vestígios com
algum traço do período em que foi concebida. A partir dessa ação, a arte passa
a ser interpretada com um olhar histórico, que se empenha em decifrar aquilo
que o artista disse através da obra.
Com isso, podemos
concluir que a arte é um mero reflexo do tempo em que o artista vive? Esse tipo
de conclusão é possível, mas não podemos acabar vendo a arte como uma
manifestação presa aos valores de um tempo. Em outras palavras, é complicado
simplesmente acreditar que a arte do século XVI tem somente a função de
exprimir aquilo que a sociedade desse mesmo século pensava. Sem dúvida, o
estudo histórico do campo artístico é bem mais amplo e complexo do que essa
mera relação.
Estudando a História da
Arte, percebemos que uma manifestação de clara evidência “artística” pode não
ser encarada como tal pelo seu autor ou sociedade em que surge. Além disso, ao
estabelecermos um olhar atento à obra de um único artista, podemos reconhecer
que os seus trabalhos não só refletem o tempo em que viveu, mas também
demonstram a sua relação particular, o diálogo singular que estabeleceu com seu
tempo.
Seguindo esta linha de pensamento, gostaria de
abordar os conceitos
de identidade e diversidade cultural do povo acriano, focando no tema das
‘festas juninas’ como síntese dessa diversidade, que resume bastante a
influência cultural sofrida nos aspectos sociais e econômicos locais.
A
chamada Festa junina tem sua origem em países católicos da Europa e, portanto,
seria uma homenagem a São João, sendo chamada a princípio de ‘São Joanina’. De
acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos
portugueses, ainda durante o período colonial e disseminado no país pelos migrantes que
seguiam para regiões de seringais em busca de trabalho, assim, a festa chegou à
região Norte do país. Logo, o nome original foi descaracterizado, pois a festa
passou oficialmente a ser comemorada no mês de junho, perdendo totalmente o
cunho religioso, pois a festa na região comemora especificamente o fato
do mês de junho ser a época da colheita do milho, daí o nome ‘Festa junina’.
Nesta época, havia uma grande influência de
elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França
veio a dança marcada, e que, no Brasil, influenciou muito as típicas
quadrilhas. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de
onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da
península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na
Espanha. Todos estes elementos culturais, com o passar do tempo, se misturam
aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e
imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características
particulares em cada uma delas.
Pretendo, portanto, a partir destas evidências produzir uma obra de arte baseada nas festas
juninas como síntese dessa mistura cultural, através da técnica artística Assemblagem, utilizando
vários objetos representativos desta temática com o objetivo de provocar uma
conscientização sobre a influência de outras culturas e seus símbolos em nossa
identidade cultural e como esta mistura gera a capacidade de formar outros
novos símbolos sucessivamente, retratando
assim a diversidade e pluralidade existente dentro deste contexto multicultural
que influenciam os aspectos
sociais e econômicos locais.
Referências
Bibliográficas:
Arte e História. Disponível em: http://www.brasilescola.com/artes/a-arte-na-historia.htm.
Acesso em: 06/04/2012.
História da festa junina e tradições.
Disponível em: http://www.suapesquisa.com/musicacultura/historia_festa_junina.htm.
Acesso em: 07/04/2012.
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