quinta-feira, 31 de maio de 2012

Relacionando Arte e História


Ao longo do tempo, percebemos que a existência do homem não se limita à simples obtenção dos meios que garantem a sua sobrevivência material. Visitando uma expressiva gama de civilizações, percebemos que existem importantes manifestações humanas que tentaram falar de coisas que visivelmente extrapolam a satisfação de necessidades imediatas. Em geral, vemos por de trás desses eventos uma clara tentativa de expressar um modo de se encarar a vida e o mundo.
Para muitos, o conceito de arte abraça toda e qualquer manifestação que pretenda ou permita nos revelar a forma do homem encarar o mundo que o cerca. Contudo, o lugar ocupado pela arte pode ser bastante difuso e nem sempre cumpre as mesmas funções para diferentes culturas. Não por acaso, sabemos que, entre alguns povos, o campo da expressão artística esteve atrelado a questões políticas ou religiosas.
Na opinião de alguns estudiosos, o campo artístico nos revela os valores, costumes, crenças e modos de agir de um povo. Ao detectar um conjunto de evidências perceptíveis na obra, o intérprete da arte se esforça na tarefa de relacionar estes vestígios com algum traço do período em que foi concebida. A partir dessa ação, a arte passa a ser interpretada com um olhar histórico, que se empenha em decifrar aquilo que o artista disse através da obra.
Com isso, podemos concluir que a arte é um mero reflexo do tempo em que o artista vive? Esse tipo de conclusão é possível, mas não podemos acabar vendo a arte como uma manifestação presa aos valores de um tempo. Em outras palavras, é complicado simplesmente acreditar que a arte do século XVI tem somente a função de exprimir aquilo que a sociedade desse mesmo século pensava. Sem dúvida, o estudo histórico do campo artístico é bem mais amplo e complexo do que essa mera relação.
Estudando a História da Arte, percebemos que uma manifestação de clara evidência “artística” pode não ser encarada como tal pelo seu autor ou sociedade em que surge. Além disso, ao estabelecermos um olhar atento à obra de um único artista, podemos reconhecer que os seus trabalhos não só refletem o tempo em que viveu, mas também demonstram a sua relação particular, o diálogo singular que estabeleceu com seu tempo.

Seguindo esta linha de pensamento, gostaria de abordar os conceitos de identidade e diversidade cultural do povo acriano, focando no tema das ‘festas juninas’ como síntese dessa diversidade, que resume bastante a influência cultural sofrida nos aspectos sociais e econômicos locais.
A chamada Festa junina tem sua origem em países católicos da Europa e, portanto, seria uma homenagem a São João, sendo chamada a princípio de ‘São Joanina’. De acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses, ainda durante o período colonial e disseminado no país pelos migrantes que seguiam para regiões de seringais em busca de trabalho, assim, a festa chegou à região Norte do país. Logo, o nome original foi descaracterizado, pois a festa passou oficialmente a ser comemorada no mês de junho, perdendo totalmente o cunho religioso, pois a festa na região comemora especificamente o fato do mês de junho ser a época da colheita do milho, daí o nome ‘Festa junina’.
Nesta época, havia uma grande influência de elementos culturais portugueses, chineses, espanhóis e franceses. Da França veio a dança marcada, e que, no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. Todos estes elementos culturais, com o passar do tempo, se misturam aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas.
Pretendo, portanto, a partir destas evidências produzir uma obra de arte baseada nas festas juninas como síntese dessa mistura cultural, através da técnica artística Assemblagem, utilizando vários objetos representativos desta temática com o objetivo de provocar uma conscientização sobre a influência de outras culturas e seus símbolos em nossa identidade cultural e como esta mistura gera a capacidade de formar outros novos símbolos sucessivamente, retratando assim a diversidade e pluralidade existente dentro deste contexto multicultural que influenciam os aspectos sociais e econômicos locais.

Referências Bibliográficas:

Arte e História. Disponível em: http://www.brasilescola.com/artes/a-arte-na-historia.htm. Acesso em: 06/04/2012.

História da festa junina e tradições. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/musicacultura/historia_festa_junina.htm. Acesso em: 07/04/2012.




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