sábado, 21 de agosto de 2010

Analisando a TV


A TV brasileira atualmente exibe uma extensa programação para todo tipo de público. Disposta a agradar gregos e troianos, não mede esforços para que cada telespectador se identifique de alguma forma com seus roteiros e personagens. Dentro desta perspectiva, surgem os chamados programas para a família, onde a dona de casa pode se ver retratada na telinha, com seus filhos problemáticos em volta e o caos cotidiano passa a ser motivo de riso quando representada por atores globais. A exemplo disso temos o programa humorístico semanal A grande família. O foco do programa está nas confusões domésticas e nos conflitos familiares existentes, abordados de forma leve e irreverente.
Geralmente quando nos acomodamos frente à TV, podemos não nos dar conta, mas estes folhetins estão imbuídos de muitas mensagens subliminares e de valores que acabamos assimilando como uma extensão de nossos próprios valores.
Talvez nunca ninguém tenha questionado o fato da personagem Nenê viver para a casa, os filhos e o marido, sem nunca ter tempo para ela mesma. Estaria o programa insinuando que esta é a função da mulher na sociedade? Casar-se, procriar e anular-se? Nenê é uma mulher que vive as voltas com os problemas da casa e dos filhos e não dá um passo sem consultar o marido, que por sua vez é metódico e sua principal preocupação é o seu trabalho. Em pleno século XXI, em que os indivíduos vivem as mais inusitadas formas de estruturas familiares, ainda existe realmente um padrão a ser seguido? Aquele em que o pai prover o sustento da família e a mãe cuida da estrutura da casa não pode mais ser idealizado como padrão em nossa realidade sociocultural.
O comportamento da sociedade contemporânea teve que se moldar as condições políticas e econômicas vigentes e as pessoas querem se libertar do tradicionalismo, assumindo suas opções perante a vida. Hoje a mulher assume cada vez mais a postura de chefe de família, alguns homens cuidam da casa e outros simplesmente formaram uma família diferente daquela que a mídia insiste em padronizar.
Mascarada num machismo vergonhoso e num falso moralismo vê-se que a mídia alem de tudo é sexista e tenta impor um padrão de comportamento que ela própria considera aceitável, através de sua programação, mascarando esta realidade com muitas doses de humor.

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